A 1ª Guerra Mundial trouxe grandes mudanças significativas na criação de moda, nos tecidos e nos métodos de produção do vestuário. Os desenvolvimentos mais radicais foram mais evidentes no vestuário feminino, com impacto especial nos trajes para o dia e para o trabalho.
Quando a Alemanha declarou gurra à França, em 3 de agosto de 1914, os preparativos estavam bem adiantados para as coleções de moda de outono em Paris, que foram exibidas, como programado, a uma grande clientela internacional. No fim de 1914, porém, mercados financeiros instáveis e ansiedades quanto aos efeitos da guerra começaram a desintegrar a alta sociedade européia e a ameaçar os gastos costumeiros em luxuosas roupas da alta-costura, enquanto as restrições de embarque significaram que a lucrativa exportação para a América do Norte não podia mais ser garantida. Na época, muitos costureiros, como eram chamados os estilistas da época, se alistaram , deixando muitas das casas que permaneceram abertas sob a direção de mulheres.
Em 1916, a "simplicidade" havia entrado no vocabulário de moda. |
Apesar dos reveses da guerra, a reputação internacional da moda parisiense permaneceu incontestada e as casas de alta-costura continuaram a ditar em questões de estilo. As mostras semanais eram promovidas como de costume e, apesar de seu público ser menor, ainda recebiam cobertura da imprensa de moda mundial. Notícias dos últimos estilos continuavam a suscitar grande interesse e, em 1916, a Condé Nast lançou uma edição britânica da influente revista, baseada em Nova York, a Vogue.
Durante os primeiros anos das hostilidades, as publicações de alta moda, como a francesa Les Modes e a revista britânica The Queen, mal mencionaram a guerra. Os desenvolvimentos estilísticos estavam quase parados e os modelos ainda lembravam os do período de 1910 a 1914. A silhueta continuava a ser colunar, a ênfase vertical quebrada por corpetes trespassados, abas, saias em camadas e drapeados. Exceções notáveis foram criadas por Madame Paquin, que ressucitou as saias de crinolina de meados do século XIX como traje de noite - modelos que poderiam ser considerados precursores do robes de style da década de 1920.
Modelo de Madame Paquin |
Em 1915, vários estilistas introduziram referências militares em suas coleções, notavelmente nos trajes para o dia, e houve uma voga da cor cáqui. Jaquetas e conjuntos de corte sóbrio, com silhuetas providas de uma leve cintura, tornaram-se componentes cada vez mais importantes no guarda-roupa feminino. As revistas descreviam esses trajes como "o máximo da elegância" e enfatizavam o fato de que não ficariam antiquados. Tradicionalmente, as roupas da moda feminina raramente incluíam bolsos, mas agora, bolsos chapados, espaçosos e práticos, tornavam-se uma característica proeminente, ecoando o funcional uniforme militar, principalmente porque nessa época também algumas mulheres já se viam inseridas no mercado de trabalho e precisavam de praticidade no vestuário quando iam às fábricas.
Em 1916, as exigências da guerra estavam afetando mesmo os mais ricos. Com a escassez de empregados, roupas que exigiam procedimentos elaborados para lavar, passar e vestir logo deixaram de ser práticas e os modelos começaram a ser modificados para se acomodarem à escassez da guerra e a estilos de vida mais modestos. Como não era mais possível observar o protocolo pré-1914, de, pelo menos, quatro mudas de roupas por dia, os anos da guerra viram também o declínio do tea gown. Cores escuras, esmaecidas, predominavam e mostravam-se inteiramente adequadas aos tempos sombrios. Para o luto, o preto continuou a ser usado, e o crepe continuou a ser o tecido aprovado, mas as regras que governavam os funerais e a etiqueta do luto foram relaxadas porque muitas mulheres que contribuíram para o esforço de guerra não podiam segui-las. Sentia-se, porém, que mesmo em tempos de luto, a moral devia continuar alta, e os jornais de moda ofereciam soluções elegantes em preto para o vasto número de mulheres que haviam passado por perdas.
Mudanças nas roupas para o dia prepararam o caminho para a moda do pós guerra. A partir de 1916, muitos estilistas concentraram-se em roupas fáceis de usar. A blusa sem abotoamento, em particular, constituía uma roupa prática e na moda, para ser usada com uma saia ou um conjunto. Era uma peça de vestuário incomum para as mulheres, pelo fato de ser colocada pela cabeça e não ter nenhum tipo de fecho. Geralmente era feita de algodão ou seda e tornou-se um elemento importante para a moda na década de 1920.
Pode-se dizer que foi a jovem Gabrielle Chanel quem fez o máximo para transformar os modelos de moda da guerra, observando e desenvolvendo essas tendências rumo a um vestuário mais informal e esportivo, sendo ideal para os anos de guerra. Seus conjuntos de duas peças, capas e paletós de jérsei, versáteis, claramente usáveis, causaram sensação em virtude da sua simplicidade. As mulheres adoravam suas roupas e os fabricantes logo reconheceram seu potencial comercial.
A partir de 1916, à medida que cada vez mais homens se alistavam, as mulheres foram encorajadas a entrar para a força de trabalho, realizando trabalho árduo, muitas vezes altamente especializado, nas indústrias de munição, transporte e produtos químicos, além de nos hospitais e nos campos. Isso levou a novas abordagens do vestuário de trabalho. Tabus há muito vigentes contra roupas bifurcadas vieram por terra à medida que as mulheres, especialmente as jovens, adotavam culotes para o trabalho agrícola e calças, macacões e jardineiras folgadas para o trabalho nas fábricas e nas minas.
Ao longo de toda guerra, muitas oficinas e fábricas de roupas foram reformuladas para produzir uniformes militares padronizados - uma medida que teve impacto significativo na produção de roupas femininas. Muitas empresas expandiram sua capacidade de produção e empregaram uma divisão de trabalho maior para conseguir produção veloz e em grande quantidade.
Podemos concluir então que a entrada da mulher no mercado de trabalho após a Revolução Industrial fez surgir a necessidade de roupas mais práticas, já que espartilhos e diversas camadas de tecido atrapalhavam suas longas jornadas de trabalho. Além disso, com o início da 1ª Guerra Mundial, a escassez de tecidos e mão-de-obra obrigaram os estilistas a criarem roupas mais práticas e adequadas ao estilo de vida mais modesto. Chanel foi uma das que mais se destacaram por observar e desenvolver essa nova tendência rapidamente.
Confira também:
História da Moda - Década de 20
Aoodorei o post, sempre ótimo conhecer um pouco mais sobre a história da moda!!
ResponderExcluirParabéns! Beeijos, ótimo fds!
Que post interessante!!! amei!!
ResponderExcluirbeijuu
www.sermulhereomaximo.com.br
Obrigada pela aula!!! heheh
ResponderExcluirBeijos
Manoella
in-vestindo.blogspot.com
Muito bem sacado...falamos tanto de moda e muitos nem sabe se quer da história, muito bom post.
ResponderExcluirBjs Nathy.
mundofashiondatati.blogspot.com
nossa, vou confessar que não li o post por preguiça.. mas enfim
ResponderExcluiramei o blog e ja estou seguindo vc tb
um beijão flor
Thaís
http://closetdathais.blogspot.com
Eu adoroooo estudar sobre isso! Essa matéria eu tive esses dias, moda é sempre mara!! Muito legal!
ResponderExcluirBeijosss :)
Fabulous lesson about the history of fashion! x
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNath, amei esse post, uma aula sobre moda !!! bjss Pri
ResponderExcluirMuito interessante!! bjos!
ResponderExcluirAdorei o post. Seria interessante se vc desse continuidade e falasse sobre as outras década, como a de 20, 30 ...
ResponderExcluirBjkas e boa noite.
Que legal...quando fiz curso de decoração abrimos uma pausa para historia da moda apesar de não está no curriclum...adorei e fiquei mega interessada.Estive no guarujá esta semana..esta tendo uma exposição 200 anos de moda da França ...hiper interessante fiz algumas fotos vou fazer o post em breve vale a pena ver.
ResponderExcluirAdorei passar por aqui e trocar informação!!
bjos!!
Adorei a aula !
ResponderExcluirhttp://creusa-vaidosa.blogspot.com/
Adoreii seu blog. Gostaria que visse meu comentário pois estou seguindo ... tenho um blog também, e gostaria que pasasse lá devez em quando só pra ajudar. Obrigado :D
ResponderExcluirOláaaaa adorei sua visita ao Phinérrima, e adorei mais ainda seu blog...e o post está o máximo...
ResponderExcluirjá estou te seguindo querida....volte sempre ao phinérrima.
beijokaaaaaaaaaaaaaas
Tati
www.phinerrima.blogspot.com
Adorei! E realmente, é impossível pensar nesse tipo de (r)evolução da moda e não lembrar de Chanel.
ResponderExcluirBeijos